quarta-feira, 31 de março de 2010

AMOR PELA ILHA GRANDE

DEPOIMENTO
*Juarez Alagão

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BARRA GRANDE 2
Sou apaixonado pela Ilha Grande e fascinado pela sua história. Sempre que tenho a oportunidade, converso com os moradores para saber um pouco mais sobre tanta coisa que aconteceu ali. O interessante é constatar como é difícil conseguir fotos antigas, já li muita coisa sobre o local e todos os autores são unânimes ao comentar sobre a carência de material histórico. Imagino quantas fotos e documentos devem ter se perdido ou simplesmente se estragado devido a má conservação.
Dos residentes da Colônia, já tive o prazer de conversar em várias oportunidades nas minhas várias passagens por lá sempre no bar da Teresa (que fica ao lado do presídio antigo) com o Goró, Luíz, Dica, Pedrinho, seu Júlio (ex-detento) e o Julinho. Este último sempre se mostra muito prestativo ao me explicar os caminhos que levam a alguns recantos escondidos da Colônia, como a antiga usina hidrelétrica por exemplo. Não poderia esquecer da Eliane, dona do bar que funciona no antigo cassino e quem prepara deliciosos pastéis. Povo muito bacana e hospitaleiro!
Apesar de tudo o que se passou ali, Dois Rios continua a ter um clima bucólico e a exercer grande fascínio nas pessoas, quer seja pela beleza natural da sua praia e das montanhas ao redor ou pelo alto teor histórico do local.
Bacana a sua iniciativa de ajudar a preservar a memória deste local da Ilha Grande. Recentemente numa das minhas últimas passagens por lá, eu praticamente testemunhei a queda do que restava do telhado do antigo presídio onde ficaram  ilustres detentos como Graciliano Ramos e Orígenes Lessa, do qual muito em breve só restará ruínas. "E assim vai, a história virando aterro de estrada." É lamentavel que atualmente tudo esteja tão mal conservado e a UERJ, ou melhor, o Estado parecem menosprezar o valor histórico do local, seja pela falta de verba ou interesse. Apesar da excelente iniciativa da criação do Ecomuseu Ilha Grande no local onde funcionava a antiga padaria do presídio, muita coisa deixou de ser feita pelo local desde a desativação do presídio em 1994, assim como pelos seus atuais habitantes, que carecem dos serviços mais básicos. 

* Juarez é nosso amigo e colaborador , frequentador assíduo da Ilha Grande, principalmente a Colônia Dois Rios,a quem agradecemos pela postagem desse  depoimento.

terça-feira, 30 de março de 2010

Dois Rios - Inauguração do Frigorífico

Posted by PicasaFoto de 1947, mostra a inauguração do frigorífico, localizado no barracão da pesca.A pesca de arrastão era uma atividade importante na Colônia, pois o pescado abastecia o rancho do Presídio e funcionários, daí a necessidade de um frigorífico.
Lembro-me da farra que fazíamos nos dia de arrastão, eu e os companheiros de infância, Guarani, Tabajara (filhos de Sadi),Amyrton (filho de Ivo Moura), Edson (filho de Marcelino) entre outros. A rede era lançada e arrastada por presos (presos da pesca), comandados por um guarda responsável pelo setor. A rede, normalmente chegava pesada de tainhas, enxovas, olho de cão, xereletes, etc. O interessante é que os Cações, que por ventura fossem capturados, eram devolvidos ao mar, porque eram considerados impróprios para o consumo, peixe "pesado" e perigoso para saúde, como diziam as pessoas da época. Hoje é consumido normalmente pela população e com preços geralmente elevados.

Vamos a identificação de algumas  pessoas da foto:

1- Sr Ramuz, 2-Sr. Euclides, 3- Felipe Ruchiga, 4-Joãozinho, 5- Nelson Gitirana, 6- Milton (meu pai), 8- Nestor Gitirana, 9- Galileu, 10-Sr. Travessa, 11-Edson (filho de Marcelino), 12- Toinho( o blogueiro aquí), 13-Carlos ( filho de Galileu ), 14- Eduardo Cavalcante, 15- Ivo Moura, 16- Polaco (filho de Ivo moura), 17- Marcelo (filho de Milton Souza), 18-Dona Veve, 19- Djenane (filha de Nelson Gitirana), 20- Ruy Furtado (dentista da Colônia), 21- Sr. Ruchiga, 22- Frei Hugo, 23- Kerny, 24- Sr. Octavio Rangel, 25- Marton (filho de Milton Souza), 26-Dona Marcolina (minha mãe), 27- Rosalva (futura Ramuz), 28- Mariinha (esposa de Joãozinho), 29- Ícaro (filho de Leovigildo), 30-João Antonio, 31- Amigo da Onça ?

Até aquí, salvo engano, conseguimos identificar algumas pessoas, mas com o decorrer do tempo identificaremos as demais.


Praia de Dois Rios

segunda-feira, 29 de março de 2010

1930-1932:Fernando de Noronha à Ilha Grande

1930

Presidente Getúlio Vargas – 1930-1934 – Governo Provisório

Ministro da Justiça: Osvaldo Aranha

A partir de 1930, o perfil da Colônia Correcional de Dois Rios (CCDR) modificou-se novamente. A configuração de um novo sistema policial teve início imediatamente após a deposição de Washington Luís e a inauguração do Governo Provisório. Com o aumento das prisões políticas, feitas, na maioria das vezes, sem julgamentos e processos, todos os estabelecimentos penais ficaram lotados.
No começo da década de 1930, a CCDR encontrava-se negligenciada pelas autoridades federais, apresentando condições precárias de habitação. No final do governo Washington Luís (1926-1930), a Colônia Correcional de Dois Rios encontrava-se abandonada, e a população carcerária não chegava a trezentos internos.
Ao subir ao poder, Getúlio Dornelles Vargas suspendeu a Constituição e fechou o Congresso. Nomeou interventores para substituir os antigos presidentes de Estado. Fortaleceu os órgãos de segurança interna e reprimiu uma série de manifestações contrárias ao seu governo. Nos primeiros anos no poder, implementou uma grande mudança nos quadros da força policial, com a substituição de antigos titulares da polícia. João Batista Luzardo foi nomeado chefe da polícia do Distrito Federal. Gaúcho, formado em medicina no Rio de Janeiro.

1932

Presidente Getúlio Vargas – 1930-1934 – Governo Provisório

Ministro da Justiça: Afrânio de Melo Franco

Os soldados que participaram da Revolta Constitucionalista de 1932 foram enviados para o Lazareto. Entre os detidos encontrava-se o escritor Orígenes Lessa, que relatou com detalhes a prisão na Ilha Grande dos presos desse movimento.
Ainda em 1932, o funcionamento do Lazareto ficou sob a responsabilidade da Colônia Correcional de Dois Rios (CCDR). As edificações situadas na Vila do Abraão encontravam-se em péssimo estado de conservação.
Um dos testemunhos mais completos que temos desse período é o do Orígenes Lessa, preso por três meses. Além de uma reportagem de grande repercussão, “Nada há de ser nada”, ele publicou o livro “Ilha Grande: jornal de um prisioneiro de guerra”, em que relata a chegada e a prisão dos dois mil presos da revolta de 1932.
Agildo da Gama Barata Ribeiro, ex-tenentista, participante ativo na deflagração da revolução de 1930, também foi preso na Ilha Grande.
O diretor do Lazareto era o tenente Victorio Caneppa.

quinta-feira, 25 de março de 2010

DE VOLTA A DOIS RIOS.....

Depoimento:

Em 05/08/2009, Jeferson Ferreira dos Santos, após vários anos, voltou à Colônia Dois Rios, Vila  que fazia parte do "implodido" Instituto Penal Cândido Mendes.
Jeferson viveu até os 9 anos idade na Colônia , e é filho de antigo funcionário do presídio, Joaquim dos Santos e de Severina Ferreira dos Santos.  Seu pai, Joaquim, era responsável pela alfaiataria do presídio..
Estamos elaborando uma relação de antigos funcionários, com suas respectivas esposas e filhos, para posterior postagem no nosso Blog.
Após a saudosa viagem, Jeferson deixou um comentário  sobre a viagem, no site  www.ilhagrande.org que abaixo transcrevemos:
Minha chegada

" Após vários anos retornei à Ilha Grande com alguns dos meus irmãos e cunhados. A emoção foi muito grande ao voltar ao lugar da minha infância decorridos muitos anos. Ao saltarmos no Abrahão, nos dirigimos, imediatamente, para Dois Rios. Qual não foi a minha surpresa ao constatar que aquela estrada tão bem cuidada da minha época e das minhas lembranças agora não passava de uma quase trilha mal cuidada, apesar da inenarrável sensação de contato com a natureza a retomar o que é seu, aquele cheiro de mato e os variados cânticos de pássaros e outros barulhos característicos. Finalmente após longa caminhada avistamos a alameda de palmeiras que recebe os visitantes ao chegarem a Dois Rios. Fiquei surpreendido ao constatar que aquela longa alameda da minha memória de criança, não passava de poucos metros a nos dar as boas vindas.
Passada a emoção e o deslumbramento da volta ao passado, nos deparamos, para a nossa decepção, com aquele lugarejo tão bem cuidado na época, coberto de mato, com as casas tão boas e bem construídas, reduzidas à ruinas e as ruas quase irreconhecíveis pela má conservação. Estivemos em frente às casas em que moramos, uma das quais nasceram dois de nossos irmãos (Daniel e Glauce), que, felizmente, estavam ainda ocupadas por moradores e, portanto, bem conservadas.
Lembrei-me




NESTOR VERÍSSIMO-1º DIRETOR DE DOIS RIOS-ILHA GRANDE



BIOGRAFIA DE NESTOR VERISSIMO

                 Infância e adolescência do caudilho gaúcho.



Nascido na cidade de Cruz Alta, Rio Grande do Sul, a 28 de abril de 1890, fez-se estimado desde a infância. Filho de um médico de excelente conceito naquela cidade e arredores o Dr. Franklin Verissimo da Fonseca e de Adriana Mello e Albuquerque Verissimo da Fonseca.   Esse sobrenome por si só valia uma recomendação: “Verissimo”, dizem os gaúchos da serra, “é sinônimo de bom”. Teve adolescência turbulenta, chefiando, já então com seus pendores de caudilho, um grupo de rapazolas endiabrados como ele, e que hoje são entre outros, o jornalista Nestor Guimarães, o Dr. Arnaldo Melo, o advogado e diretor da Colônia Agrícola do Distrito Federal, Manoel Mostardeiro.

A população de Cruz Alta divertia-se com as estroinices de Nestor Verissimo.  Só um morador achava-se de pôr fim a essa vida airada: o Dr. Franklin Verissimo.    Exigia que o filho levasse a sério os estudos, como faziam seus dois irmãos, catedráticos da Universidade de Porto Alegre, os professores Fabricio Verissimo da Fonseca e Antonio Verissimo de Mello, tios do escritor Erico Verissimo. Mas Nestor, embora amando os bons livros desde a infância, tanto que revelava uma regular cultura de autodidata, levava sua curiosidade por onde bem entendia, rebelde sempre às disciplinas das nossas velhas casas de ensino. O Dr. Franklin perdeu a esperança de fazê-lo cursar uma escola superior. Mandou que voltasse de Porto Alegre, depois de mais um ano perdido, desembarcou-o na primeira parada antes de Cruz Alta, enviando-o a uma estância para trabalhar como peão. Mais tarde ele se tornou pedreiro e, entre outras construções, deixou como obra sua duas igrejas: a de São José em Tupanciretã, e a do Cadeado, em Cruz Alta.

Pertenceu ao Partido Liberal e participou heroicamente no posto de major do movimento federalista de 1923. Em 1925, participante da Coluna Prestes, então tenente-coronel, tinha 19 cicatrizes de ferimentos de combate, quando foi capturado. Permaneceu na prisão até 1927. Em liberdade, diante das perseguições sistemáticas da polícia, Nestor Verissimo refugiou-se na cidade de Libres, Argentina. De volta ao Brasil, participou da revolução de 1930, sendo um dos que prometeram, vitoriosos, amarrar os cavalos no obelisco do general Osório no Rio de Janeiro. E a promessa foi cumprida. Em 1938 aceitou a direção do presídio de Fernando de Noronha. Em 1942, na direção da Colônia Agrícola do Distrito Federal, na praia de Dois Rios, Ilha Grande, revelou-se um carcereiro exemplar.

Nestor Verissimo faleceu em 28/02/1944, antes de completar 54 anos, no mesmo dia em que nascera.

terça-feira, 23 de março de 2010

Praia de Dois Rios e a barra pequena

 BARRA
Bela imagem mostrando o pequeno estuário de um dos Rios (barra) ,que emolduram a praia de Dois Rios

domingo, 21 de março de 2010

PRESÍDIO ILHA GRANDE-ANTES E DEPOIS

                                          Instituto Penal Cândido Mendes antes da destruição.
Para administrar todo esse complexo carcerário,  residiam  na Vila (Colônia Dois Rios) cerca de 120 funcionário e seus  familiares. Era um trabalho de responsabilidade e até  certo ponto perigoso,  considerando-se  a alta periculosidade de alguns detentos,  fato que aumentava a preocupação  dos guardas e funcionários, em razão da presença  de seus familiares  na Vila.
A distância dos grandes centros, além do isolamento, oferecia certas dificuldades com relação a educação dos seus filhos. Na Colônia somente o curso primário era possível se fazer, ali mesmo no Grupo Escolar que virou Igreja, imagens já mostradas no nosso Blog. Para continuar os estudos a partir do 1º grau, cada um procurava arrumar uma solução.
Quando o assunto é "Presídio da Ilha Grande, Caldeirão do Inferno". não encontramos nenhuma referência, aos  dedicados funcionários que lá trabalharam,. e  o que mais me revolta   é constatar que a mídia e alguns historiadores desinformados só abrem espaços para alguns heróis bandidos e políticos corruptos  que lá estiveram presos.



 O que restou do presidio após implosão de 1994 por ordem do  governo Brizola. As  ruínas são visitadas por turístas que lamentam a destruição  de parte da história do sistema prisional brasileiro.Documentos importantes foram destruídos, restando apenas lembranças.Em junho de 2009 foi inaugurado o Ecomuseu que abrigará exposições sobre o aspecto da história e da cultura do local e a história dos presídios que aquí funcionaram entre 1894 e 1994
Fontes:
http://www.biologiauerj.com/ceads

http://www.ilhagrande.com.br/













sábado, 20 de março de 2010

Enseada do Cavalinho

Posted by PicasaA ponta do Cavalinho fica bem próximo a Colônia Dois Rios, no caminho para a Parnaióca. É um local  lindo e bom para pescaria de linha. O acesso é difícil.
Na foto o blogueiro aqui .

quinta-feira, 18 de março de 2010

A FEIRINHA DOS DOMINGOS-ELANE RANGEL











Prezado *Polaco,
saúde e paz para todos aí,
 
 
Para não perder o costume, volto a bater na mesma tecla: Ilha Grande.
enredado nas malhas do passado, como um saudosista inveterado, volto a escrever sobre aquilo que permanece vivo na minha lembrança, malgrado o passar do tempo, e o faço na forma de crônica, desta vez um tanto quanto inusitada, começando em prosa e acabando em versos. 
 
CRÔNICA
Elane Rangel.

Em meio a tantas coisas boas que aconteceram na Colônia Agrícola , em Dois Rios, no limiar dos anos cinqüenta, houve uma que com toda sua singeleza, ficou gravada na minha lembrança, na forma mais sutil de uma doce saudade.
Refiro-me a uma feirinha que acontecia aos domingos, em frente ao Cassino. Logo ao amanhecer, aos primeiros lampejos do dia, começavam a chegar os feirantes com seus cestos abarrotados de produtos da roça, os mais variados. Era gente que vinha em sua maioria do Povoado de Parnaióca e alguns poucos, do Cachadaço.
Pouco a pouco a clientela ia chegando, com suas sacolas e enchendo-as daquilo que mais lhe convinha.
Era sempre uma festa de alegria e confraternização, e por que não dizer, de bons negócios.
Incomodado com o sucesso da feirinha, o funcionário do presídio por nome Moacir de Almeida, o popular " Amigo da Onça", fazendo uso da autoridade que lhe fora outorgada de sub-delegado do Vilarejo, resolveu por um fim na dita feirinha, causando assim um enorme mal estar na comunidade que passou a vê-lo como o verdadeiro Amigo da Onça.








domingo, 14 de março de 2010

RUMO A ILHA GRANDE

Partida de Mangaratiba rumo ao Abraão-Ilha Grande, na lancha da “carreira”  (é assim que o pessoal da Colônia Dois Rios chamava a lancha). Ao fundo, o trem que fazia o percurso Central do Brasil – Mangaratiba, parado na plataforma da estação.
A direita de camisa branca, o autor do Blog.

sábado, 13 de março de 2010

Lopes Mendes-Ilha Grande


Praia de Lopes Mendes vista do Bico do Papagaio
Foto de Leonardo Esch
http://leonardoesch.blogspot.com

quinta-feira, 11 de março de 2010

PRAIA DOIS RIOS-1978

Praia Dois Rios. Ao centro meus filhos Alexandre e Cláudia . Nas pontas meus sobrinhos Marcos e Márcio

PESCARIA EM DOIS RIOS

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A chamada ponta do Exótico fica na extremidade do paredão, do lado direito da praia Dois Rios. Foto tirada do local durante uma pescaria.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Vista da Colônia de Dois Rios

Posted by Picasa
Foto cedida por Jadir Vieira, filho de Péricle Moreira da Silva antigo funcionário do Presídio Pela foto observa-se o cuidado que se tinha pela conservação da Colônia.